A ThoughtWorks, consultoria especializada em tecnologia, acaba de lançar uma nova publicação. A publicação é o resultado de encontros realizados duas vezes ao ano pelas equipes da empresa para discutir ideias sobre novas tecnologias, desenvolver, pesquisar, testar e melhorar softwares. A edição mais recente, a 18ª, realizada em março, em Sidney, na Austrália, teve como destaque a internet das coisas (IoT, na sigla em inglês).
Internet das coisas é a internet que conecta objetos e permite que eles se comuniquem entre si: câmeras de segurança, smartphones, smart TVs, videogames, sistemas de iluminação, máquinas industriais, carros e assim por diante. A rigor, qualquer equipamento pode ser conectado a ela. Trata-se de um conceito com aplicações nas mais diversas indústrias e que vem ganhando espaço rapidamente. Entre as novidades, começam a chegar ao mercado geladeiras interconectadas ao celular para controle de temperatura, sistemas de som, lâmpadas com bluetooh, alarmes de incêndio a um toque de distância, máquinas de lavar que podem ser programadas à distância, portas com QR code, portões e sistemas de irrigação programáveis.
O tema é relevante para o atual cenário. A adoção de IoT em pequenas, médias e grandes empresas — ou indústrias —, gera maior produtividade, otimiza o tempo e, apesar do custo elevado de adoção, permite redução das despesas no longo prazo. Um exemplo vem do Reino Unido. Lá foi desenvolvido um sistema de monitoramento de vacas produtoras de leite por meio de um colar com sistema IoT, que ajuda os produtores a preverem com precisão a produção de leite para cada ano. Estes colares possuem um sensor sem fio que transmite dados sobre a saúde do animal e a quantidade de leite que está produzindo. Os dados ajudam os produtores a identificar vacas doentes o mais rápido possível e, assim, a maximizar a produção. A aplicação da tecnologia também permite a redução drástica do uso da mão de obra humana.
A consultora de desenvolvimento de softwares em IoT da ThoughtWorks, Desiree Santos, afirma que a barreira entre o físico e o digital está se desfazendo cada vez mais rápido, e a interconexão destes mundos “é inevitável”. Ainda que leve algum tempo, o movimento na direção da interconexão é inevitável. “China e Alemanha são pioneiros, com alguns setores mais concentrados. Em países como o Brasil, as coisas estão andando um pouco mais devagar. Ainda há barrerias, inclusive culturais, a serem vencidas. Mas a tecnologia veio para ficar e as opções de aplicação são quase infinitas”, afirma.
IoT no Brasil
No Brasil, diz Desiree, a cultura de inteligência artificial está caminhando. Um dos empecilhos, porém, é o preço ainda elevado para pequenas e médias empresa, afirma. “Toda nova tecnologia é cara”, diz. “Com o passar do tempo, porém, o número de fornecedores tende a crescer, com concorrentes criando formas diferentes de produzir. O que acabará reduzindo os preços e ampliando o leque de possibilidades”, diz.